sexta-feira, 27 de junho de 2014

O agito dos jovens


Nem tudo está perdido


 

Nos dias 19 a 22 de junho de 2014, na Paróquia de São Francisco de Assis, em Caçador, em torno de 600 jovens agitaram o território das comunidades da Catedral. Eles vieram das 10 dioceses de Santa Catarina. Chegaram tímidos, constrangidos, receosos, tipicamente o jeito de ser do jovem. Quando não conhece, desconfia, e quando desconfia se retrai. Com a acolhida, o carinho e a ternura das famílias que os receberam, a juventude pôde vivenciar a mística do acolhimento. O jeito simples de acolher transforma a timidez em alegria e afeto familiar. Lágrimas rolaram na despedida. O coração foi tomado de um amor que o mundo não sabe dar. Quando o jovem toma conhecimento que pode ser missionário, seguindo o caminho da simplicidade, ele se envolve por completo, sai de si mesmo e encontra o outro, longe ou perto de sua casa, entra no coração sedento de amor na casa alheia.  

Diz o Papa Francisco na sua exortação apostólica: “A alegria do Evangelho, que enche a vida da comunidade dos discípulos, é uma alegria missionária. Experimentam-na os setenta e dois discípulos, que voltam da missão cheios de alegria (Lc 10,17). Vive-a Jesus, que exulta de alegria no Espírito Santo e louva o Pai, porque a sua revelação chega aos pobres e aos pequeninos (cf. Lc 10,21). Sentem-na, cheios de admiração, os primeiros que se convertem em Pentecostes, “pois, cada um ouvia... em sua própria língua” (At 2,6) a pregação dos Apóstolos. Esta alegria é um sinal de que o Evangelho foi anunciado e está a frutificar, tendo tem sempre a dinâmica do êxodo e do dom, de sair de si mesmo, de caminhar e de semear sempre de novo, sempre mais além”(EG 21). E agora, em torno de 600 jovens fizeram a experiência de sair, de semear alegria, encontrar acolhida, cear junto, dialogar, ouvir e partilhar a vida. Quando as portas se abrem desaparece o receio, o desconhecido. O receio se transforma com as palavras “entrem”, “a casa é vossa”, “sintam-se em casa”. Esta é a primeira e fascinante experiência da Igreja em saída, o aconchego, entrar na casa do outro, em terras estranhas. É mover sentimentos, despertar sensibilidade, aguçar o olhar atento para detalhes. Gestos se convertem em bem estar e o Evangelho da alegria aquece o coração e a missão acontece. Vidas se convertem e o encanto de viver ressurge em cada lar.

 

Detalhes

Vieram para a 4ª Missão Jovem Regional, jovens de longa caminhada na Pastoral da Juventude, jovens recém crismados, jovens animados e jovens curiosos, mas todos se integraram e foram presença.

Os jovens podem ser missionários nos dias atuais. Oportunidades devem ser dadas a eles. O clero precisa acreditar nos jovens e deixá-los evangelizar do seu jeito. Basta apontar caminhos, pistas para que eles sigam. Que caminhem com o ritmo deles, com o grito e o silêncio, a ginga, a dança, a criatividade, sentido próprio deles, mas todos inculturados na alegria do Evangelho. Não fiquemos trancados nos nossos movimentos e desejos pessoais, impedido que os jovens saiam e evangelizem, os deixem missionar. Muitos jovens ainda vivem atrelados aos desejos pessoais e intimistas, estes não participam e sufocam a experiência missionária de tantos outros jovens. Eis a Igreja clericalista e egoísta que tanto o Papa Francisco vem condenando. Precisamos anunciar Jesus Cristo e não a nós mesmos.  

 


Liberdade

A missão jovem provou que as várias experiências juvenis podem se unir e fazer missões juntos. Os experientes puxando os novos, o sangue novo irradiando alegria e beleza na missão. Cada um com seu jeito de ser, mas abrindo portas, espaços para que os grupos diversos possam evangelizar e participar de um mutirão missionário. Vi jovens entusiastas da PJ, do EJA, Pastoral Juvenil Marista, da Renovação Carismática, do TLC e outros. É possível fazer uma missão juntos, sem barreiras, mas felizes anunciando Jesus Cristo e não as vaidades de grupos. É preciso superar as barreiras estruturais, prisioneiros da velha estrutura que afugenta os jovens e dar-lhes espaço para que demonstrem o rosto alegre por evangelizar, dando continuidade ao projeto da iniciativa cristã que receberam na catequese. É hora de deixá-los extravasar e ir à missão. Assim experimentam outras realidades, lugares, pessoas, cidades, famílias, e descobrem que todos desejam ser felizes. E todos querem ser felizes e todos buscam a felicidade.

 

Alegria

Ao terminar a missão, as lágrimas caíram porque atingiu o coração. A saudade já é uma realidade. Um novo horizonte despertou na vida simples dos simples e alegres jovens da 4ª missão em Caçador. Este é o caminho salutar que desperta consciência, amadurece o senso crítico, alerta contra a violência, adverte sobre os perigos que machucam a vida de tantas pessoas e da própria natureza criada. Os sentimentos de justiça afloram e uma nova ordem social, eclesial e humana nasce. A missão vislumbra o eco forte do grito contra o extermínio da juventude. O desejo de viver e de se envolver com a bandeira sagrada da nova geração equilibra a humanidade, devolvendo o sentido da vida, conforme diz Cristo “Eu vim para que todos tenham vida e vida em plenitude”. 

 


Gratidão

Obrigado aos jovens que vieram, que foram e que marcaram presença. Emocionaram o pároco Pe. Lauro Kaluzny Filho, da paróquia São Francisco de Assis e encantaram milhares de pessoas. O pouco que vocês fizeram na 4ª missão é o muito que o mundo e muitas famílias precisavam receber. Vocês vieram, receberam e deram. Vocês saíram de casa, e descobriram as casas com pessoas sedentas de paz, de oração, de sorriso e de acolhida. As famílias recolheram o seu sorriso, a sua simpatia, a sua alegria de anunciar que faz o mundo ser mais feliz. Obrigado e Deus vos abençoe agora e sempre!

Dom Frei Severino Clasen, OFM

Bispo de Caçador

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