sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Em Terras Manauaras - Parte 2

Depoimento da jovem Luísa Fritzen, da paróquia Imaculada Conceição de Fraiburgo.


Um sonho de ver o que é ser realmente “pjoteiro”. Uma decisão de identidade por uma luta, por um ideal, por uma realidade de encontrar outras realidades, uma gratidão onde não se mede por transpassar de todo que se possa descrever, dando a certeza de que o verdadeiro amor ensinado e entregue aos humanos pode ser encontrado hoje em dia em uma família totalmente distinta, onde um missionário é recebido com todo carinho que se sente totalmente envolvido por um aconchego fraterno.  Jamais me passaria em mente que eu pudesse viver tamanha e maravilhosa experiência, em conhecer as pessoas que pude ter como minha família em Manaus que me fizeram me sentir em casa, que me mostraram o que é a real força de vontade, e o que é ter determinação para o bem do próximo.
Falar em algo que chamou atenção, uma única coisa não se é possível, pois logo que fui acolhida a “mãe” que foi me buscar disse que a casa que iria ficar hospedada estaria convivendo com uma “vozinha” de noventa e dois anos que tem perca de memória recente, uma amputada, e uma cega. Fiquei surpresa e pensando, olhe a realidade que terei que me adaptar, enfrentar, conviver, uma
situação em que achava que não poderia ser vivida de cabeça erguida, e numa alegria unânime, onde não pensava que em uma realidade sofrida (pois eu pensava ser sofrida) houvesse tanta fidelidade com Deus. Mas ao entrar porta adentro, senti como se fosse minha casa, minha família, me deparei com uma senhora que não parecia ter a idade com o que falava, parecia uma criança que ama fazer suas “birras”, que brinca ser deixada de lado pela neta, que ninguém a ama, mas que ela não se importa, pois vão sentir saudades dela, pois ela é a vida da família. É a pessoa mais gentil, pois precisa de cuidados, e quem os oferece é a neta cega, mas que enxerga melhor que qualquer pessoa, um amor transmitido sem igual, e que mesmo dizendo que a avó é a “ultima irmã viva de Einstein”, não falta um “te amo vovó” no fim do dia.

A frase que é a mais própria para essa experiência missionária, para mim seria nunca desistir,
pois foi onde consegui encontrar força e animo pra erguer a cabeça, e seguir a caminhada pastoral, foi onde aprendi o que significa persistência, onde vi uma juventude unida por um mesmo ideal, por uma luta de igualdade, onde encontrei pessoas que levarei em meu coração eternamente, que me fizeram ver que um mundo quieto e tímido não se conquista objetivos, e que uma missão não significa sair visitando todas as famílias sem antes conhecer o berço, que é a comunidade, a emoção foi primitiva ao chegar e me deparar com um local necessitado, não só de bens materiais, mas de uma conversa, de uma compreensão, de atenção, ao encontrar tanta fé e força de vontade em um local onde não se tem uma igreja linda e decorada, com altar e pedestais para o padroeiro, Santa Clara, se não fosse enfatizado pelos fieis da comunidade não saberia dizer qual o santo era exaltado naquele local.
Durante o encontro as falas que mais me marcaram foram: “Faz 40 anos que ouço que a pastoral esta morrendo, e olha o tamanho desse encontro” dita por Dom Sérgio Castrianni, e a frase que irei levar para minha caminhada pastoral “eu vim para ver o horizonte” apresentada por Pe. Hilário Dick, por que dessas falas? Pois uma completa a outra, pois somos os horizontes de um trabalho que dizem estar se acabando, mas que ao contrário disso, se fortalece em experiências como a vivida em Manaus.
O ENPJ não alcançou as expectativas, e sim, passou de todas as expectativas esperadas. Quando foi apresentada a carta do Papa Francisco tive a certeza de que minha identidade a seguir estava a minha frente o tempo todo e eu apenas adiava a decisão de dizer com orgulho e um amor incondicional, sou igreja jovem, sou uma energia existencial, sou PJOTEIRA!!!

Olha quem encontramos no aeroporto - Dunga (Canção Nova)




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