sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Em Terras Manauaras - Parte 3

A Experiência de Quem Acolheu

Sou Ádrian Fernanda, 18 anos, sou Manauara e estou na Pastoral da Juventude há uns dois anos ativamente. Venho aqui falar sobre minha experiência no ENPJ não como delegada, mas como voluntária de uma das equipes de organização (Passeio e Transporte) deste evento, como “pjoteira” da área missionária (algo bem próximo a Paróquia) que foi contemplada com três pontos de missão dos delegados do ENPJ, e como anfitriã da cidade que recebeu o evento.
Em Manaus, o ENPJ começou bem antes do previsto. Já em novembro de 2014 estávamos na correria para organizar e articular toda responsabilidade da nossa equipe. E que responsabilidade, hein! A vida de todos os pjoteiros da nossa equipe é muito corrida e com milhares de compromissos, sendo eles na pastoral, nas comunidades, no campo profissional e/ou educacional. Mas isso não impediu nenhum dos voluntários de se doar á esta missão. E o que eu pude tirar de significado para a minha vida particular e pastoral ao mesmo tempo foi que devemos fazer o bem sem olhar a quem. O comprometimento da nossa equipe com pessoas ainda desconhecidas para a maioria me fez sentir o amor fraterno que Jesus Cristo nos pediu. Quanto ao significado da minha experiência de quem
recebeu a missão na área missionária foi da diversidade de experiências que pudemos compartilhar uns com os outros e com a humildade dos delegados de fora de nos ouvir, de ouvir a nossa experiência e realidade, principalmente porque na comunidade da Área missionária que fiquei a comunidade, Santa Clara, não tinha igreja física ainda e muito menos um local protegido do sol e da chuva para acolher os delegados, mas isso não influenciou nada na missão.
Durante o pouco tempo que pude participar do Encontro, já que as equipes de trabalho não participavam da programação para os delegados, uma coisa que me chamou bastante atenção e me emocionou foi quando uma delegada falando sobre a experiência da Pastoral no seu regional (que não sei qual era, sei apenas que era no Sul), disse que lá a Pastoral da Juventude tem pouco prestígio e pouco apoio, mas que em compensação, os jovens são os únicos que saem das suas zonas de conforto pessoal para irem aos morros, aonde muitas paróquias não vão. Em Manaus não temos essa realidade de morros, mas temos a realidade de comunidades ribeirinhas onde é necessário atravessar de barco para chegar a elas e devido as duas enfrentarem desafios parecidos pude compreender o quanto é difícil à vida da pastoral, não só aqui em Manaus mas por todo o Brasil.
E isso contribuiu bastante para a minha caminhada na pastoral, mas não somente isso, a forma com que os delegados valorizaram o nosso trabalho e nos incentivaram falando da riqueza da nossa cultura, nossos costumes e consequentemente o quanto isso influenciava positivamente para a nossa caminhada também foi de extrema importância.
Eu não tinha ideia de como seria esse Encontro, foi o primeiro evento desse nível que participei. Desta forma fica difícil dizer se as expectativas em nível de formação espiritual na caminhada alcançaram as expectativas. Mas o que posso dizer é que a presença dos delegados na missão na minha área missionária ultrapassou as expectativas. 
Já em nível do evento posso dizer que o que eu, como anfitriã e voluntária na organização, esperava que os delegados se sentissem bem acolhidos, recepcionados e encantados conosco e com nossos costumes, e principalmente que se sentissem confortáveis e em casa. 
Outro ponto que me emocionou foi que na missa de encerramento da missão em minha área o padre ao invés de fazer a homilia, cedeu a oportunidade de os delegados para que compartilhassem suas experiências nas três diferentes comunidades. Mais tarde, como eu era da equipe de transporte, eu os acompanhei até a escola que acontecia maior parte do evento, e durante o caminho um dos delegados me disse com muito entusiasmo que tinha ficado maravilhado a mística da nossa missa, e que nunca tinha visto uma missa sem ofertório. A princípio eu achei estranho, já que tínhamos feito um ofertório de frutas regionais, velas e danças até o altar, mas no decorrer da conversa pude perceber que ele falava do ofertório em dinheiro. Foi então que ele me disse que as pessoas esquecem que a nossa oferta é aquilo que podemos dar de nosso coração, e não a oferta simbólica de dinheiro que damos por uma questão de tradição, e sim o ofertório na mais pura mística para se repensar no quanto as coisas mudam aos
poucos e quando percebemos já não tem mais nada a ver com o real sentido. Além disso, pelos elogios e pelas amizades que formei durante e após o Encontro, pude ouvir “aqui, eu realmente encontrei o Mestre”, e aí eu pude constatar que as minhas expectativas foram sim alcançadas.
Quando soube da carta do Papa Francisco, dirigida aos jovens do 11º ENPJ, a primeira coisa que me veio à cabeça foi “Meu Deus! Olha onde eu me meti. Até o Papa, do outro lado do mundo, está em sintonia com esse evento. Que honra poder estar vivendo essa experiência, acolhendo esse encontro e ainda contribuindo para que ele seja vivenciado pelos outros e por poder dizer que eu fiz parte da construção de um evento como esse, a nível nacional”. Em sua carta o Papa citou os quatro cantos do Brasil, logo os delegados de diversos lugares do país, e também citou que os jovens protagonizaram um evento de partilha e vivencia na alegria sincera e isso me fez lembrar mais uma vez da missão em minha área que foi maravilhosa.
O evento nos deixou muitas recordações e me deixou encantada. No final do último dia, ao me despedir dos laços de amizade que formei e depois de uma semana carregada de emoção senti um vazio e um silêncio no coração como se parte de mim fosse com cada delegado que voltou para sua cidade. E realmente espero que tenha ido, e que essa semente cresça e dê bastante fruto.


 Texto Ádian  Fernanda
Edição Lucia Ana Fritzen

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